terça-feira, 31 de março de 2015

Slides da aula de 31/3 e 1/4

Aqui estão os slides da aula sobre classes sociais. 

Por favor, avisem-me por email: japeschanski@casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

Até a semana que vem!

sexta-feira, 27 de março de 2015

Leituras para 31/3 e 1/4

Os textos para a aula sobre classes sociais e interesses materiais são possivelmente os mais difíceis com os quais trabalharemos no semestre. A noção de classe social é bastante controversa e no texto de minha autoria há uma abordagem específica, baseada na ideia de que classes se sustentam de maneira relacional, tendo como chave analítica e definidora o conceito de exploração. O texto de Offe e Wiesenthal é uma leitura exigente; o fio norteador para nossa aula é entender por que trabalhadores e donos dos meios de produção (capitalistas) enfrentam dilemas e dificuldades diferentes no momento de agirem em defesa de seus interesses. Se entendermos isso, teremos conseguido "provar" a relevância da análise de classe para dar conta de interações e estratégias sociais.

-- Claus Offe e Helmut Wiesenthal, Duas lógicas da ação coletiva, disponível aqui. Só precisam ler p. 61-71.
-- João Alexandre Peschanski e Daniel Bin, "Classes sociais e mercado de trabalho", disponível aqui.

Claus Offe é um pensador instigante, autor de uma obra monumental, versando sobre teoria política. Além desse escrito de grande influência que lemos para a aula sobre o capitalismo, eventualmente o leremos também sobre o Estado e o poder. Há obras dele disponíveis na biblioteca e recomendo vivamente a leitura a quem quiser aprofundar-se sobre a maneira como as relações econômicas têm impacto na política, especialmente quando as relações econômicas não são carcomidas por corrupções e desvios.

Copio abaixo trechos de um artigo que comenta os argumentos principais de Offe e Wiesenthal, no texto que temos para ler. No fim dos trechos, há um último parágrafo de minha autoria. O autor do artigo é Alvaro Bianchi, professor de Ciência Política da Unicamp, em sua contribuição crítica ao debate sobre ações econômicas “Empresários e ação coletiva: notas para um enforque relativo” (Revista de Sociologia e Política 28, 2007):


[...] esses autores rejeitam uma “teoria geral da ação coletiva”, destacando a necessidade de diferenciar as lógicas próprias de cada grupo social. [...] Para além das semelhanças formais entre associações de empresas e sindicatos operários, esses autores procurarão apontar a diferenciação de classe específicas dos respectivos tipos de fatores input (o que precisa ser organizado) e a natureza dos outputs (condições de sucesso estratégico que precisam ser alcançadas no meio ambiente das organizações).
[...] O capital tem como necessidade combinar o trabalho e os bens de capital, a fim de produzir mais-valia. Ambos os elementos consistem em trabalho social, mas, enquanto um é o resultado de trabalho passado (“trabalho morto”), o outro é força de trabalho como potência presente. Combinar este último, que não é separável dos portadores da força de trabalho, com os demais “fatores de produção” consiste no problema fundamental com o qual o capitalista tem de lidar.
Tal diferença está no fato de que o trabalho pode ser feito somente pelo trabalhador, apesar de ele “pertencer”, legalmente, ao capitalista. Cada trabalhador controla somente uma unidade de força de trabalho que a vende sob condições de concorrência com outros trabalhadores que fazem o mesmo. A força de trabalho viva é simultaneamente viva e não divisível (possui uma individualidade insuperável, na medida em que é “possuída” e controlada por indivíduos discretos). O capital, por sua vez, compreende muitas unidades de trabalho “morto” sob um comando unificado. [...] Não podendo fundir-se, os trabalhadores, no máximo, conseguem associar-se para compensar parcialmente a vantagem de poder do capital. 
O que Offe e Wiesenthal mostram é que atores econômicos, dependendo de suas classes, podem ter diferentes qualidades – “essências”, segundo Bianchi –, o que afeta seus interesses e capacidades. Há problemas diferentes para capitalistas e trabalhadores na compreensão de seus interesses materiais. Para os capitalistas, os interesses são evidentes, “a necessidade [de] combinar o trabalho e os bens de capital, a fim de produzir mais-valia”. Todo cálculo racional dos capitalistas segue, portanto, esse único critério, a maximização da produção de mais-valia. No caso dos trabalhadores, que “possu[em] uma individualidade insuperável, na medida em que é ‘possuída’ e controlada por indivíduos discretos”, há uma miríade de interesses, na medida em que “cada trabalhador controla somente uma unidade de força de trabalho”, que é “simultaneamente viva e não divisível”, e os trabalhadores precisam desenvolver canais de comunicação para chegar à compreensão de seu interesse material como um coletivo. Os trabalhadores só conseguem agir, pelo menos inicialmente, quando superam o estágio do egoísmo e cooperam, estabelecem formas de solidariedade, dialogam. Do mesmo modo, as capacidades de luta de capitalistas e trabalhadores diferem: os primeiros precisam apenas mobilizar recursos financeiros para tentar maximizar seus interesses; os segundos precisam mobilizar pessoas, como o que ocorre em greves, o que cria toda sorte de dilemas variados, já que, em muitos casos, isso envolve riscos aos que participam de lutas em defesa dos interesses dos trabalhadores.

Quando os mais fracos têm vez: a interação estratégica entre um líder fraco e oponentes fortes, o caso do Haiti

No artigo neste link aqui (em inglês), utilizo os insights da teoria da escolha racional para entender a consolidação do poder do ditador haitiano François Duvalier, no Haiti, nos anos 1960 e 1970. A questão que me coloco é: como foi possível que um político que não era poderoso, pelo menos não tanto quanto a soma de poder de seus oponentes, que controlavam setores importantes do exército, foi capaz de vencer seus oponentes e estabelecer um regime autoritário centralizador? Por que os oponentes não colaboraram e o eliminaram antes, se ele era uma ameaça?


Vocês verão que há toda uma discussão matemática (formal) envolvida para indicar a probabilidade de jogadores não colaborarem quando estão ameaçados, mesmo quando a colaboração é a única forma possível de vencer o jogo. As regras do jogo estratégico aqui levam em consideração duas características que não encontramos no Dilema do Prisioneiro, tornando-o de certo modo um jogo menos simples: um ambiente onde as informações são incertas e há sequências de ações (jogador 1 tem a primeira rodada, daí é a vez do jogador 2).

Abaixo, a representação formal desse jogo estratégico, no formato conhecido como "jogo estendido".

terça-feira, 24 de março de 2015

Slides da aula de 24 e 25 de março

Seguem aqui os slides da aula de 24-25 de março, onde discutimos mais a fundo a instituição da propriedade privada e uma possível alternativa, o commons.


Por favor, avisem-me por email: japeschanski_at_casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

Para quem quiser se aprofundar mais sobre o assunto, recomendo a seguinte palestra de Yochai Benkler, com legenda em português.

http://www.ted.com/talks/yochai_benkler_on_the_new_open_source_economics?language=pt-br

quinta-feira, 19 de março de 2015

Textos discutidos em aula -- os protestos de 15 de março

Ontem, na turma da manhã, tivemos uma elaborada discussão sobre os protestos de 15 de março. Discutimos o que querem os manifestantes, quem os representa, quais as possíveis consequências das mobilizações. Como base para a discussão olhamos trechos dos textos de opinião disponíveis aqui. Fica o convite para que continuem as leituras e a discussão. Até a semana que vem!

terça-feira, 17 de março de 2015

Leituras para 24-25 de março

Após uma pequena alteração no meio do caminho, seguimos aquilo que programamos para o plano de aula. Estão aqui as leituras para a aula sobre "A propriedade privada e a alternativa comuns". São três textos.

-- Yochai Benkler, "Saber comum: produção de materiais educacionais entre pares". Disponível aqui. Apenas as p. 13-19 e 27-33.
-- Luís Mauro Sá Martino, "A esfera pública conectada de Benkler". Disponível aqui.
-- João Alexandre Peschanski e Daniel Bin, "Origem do capitalismo e propriedade privada". Disponível aqui.

O Prof. Luís Mauro Sá Martino é da Faculdade Cásper Líbero e uma das principais influências acadêmicas em teoria da comunicação e análise de redes. Vale a pena dar uma olhada no perfil dele, escrito por estudantes de jornalismo, aqui. O texto que leem para esta aula é extraído de um livro recente e maravilhoso do Prof. Sá Martino, intitulado Teoria das mídias digitais – Linguagens, ambientes e redes -- é uma daquelas obras indispensáveis, cuja leitura na íntegra é quase obrigatória para qualquer estudante e profissional de comunicação, por oferecer um panorama sofisticado de várias correntes de análise contemporâneas sobre redes e comunicação. Confiram aqui.

Yochai Benkler é um dos principais teóricos da alternativa ao capitalismo. Seu principal livro, The Wealth of Networks (A riqueza das redes), tornou-se uma referência importante tanto nas ciências sociais quanto na produção econômica não capitalista, como o software livre.

Yochai Benkler, em 2007. Fonte: Joi Ito/Wikimedia Commons


Aqui vai o link para uma entrevista que ele concedeu em 2009 à revista Época:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT53938-15228,00.html

Aqui vai o link para uma palestra curta, no formato "TED talk", em inglês:
http://www.ted.com/speakers/yochai_benkler

Aqui vai o link para o livro The Wealth of Networks, em inglês, distribuído pelo próprio autor. A tradução para o português é feita de modo cooperativo, e o link também segue:
http://www.benkler.org/Benkler_Wealth_Of_Networks.pdf
http://cyber.law.harvard.edu/wealth_of_networks/A_Riqueza_das_Redes_-_Cap%C3%ADtulo_1

sábado, 14 de março de 2015

Programação da semana de 16-20

Car@s! Para evitar o desencontro entre o material visto no matutino e no noturno, já que na semana que passou não houve aula à noite, faço aqui uma mudança no programa.

No dia 17, noturno, teremos a aula sobre definição institucional do capitalismo. As leituras estão aqui, os slides já estão disponíveis aqui.

No dia 18, matutino, faremos uma atividade especial em sala. Não há leitura a ser feita, mas aproveitem para ler o texto da aula passada, se atrasaram. Lembro que, no dia 18, a aula acabará mais cedo, por conta da atividade aqui.

Em caso de dúvida, entrem em contato por correio eletrônico.

Abraço!

terça-feira, 10 de março de 2015

Aula mais curta no dia 18/3 (matutino)

Oi! A pedido da coordenadora de Cultura Geral e do coordenador de Rádio, TV e Internet, nossa aula de 18/3 será encerrada um pouco mais cedo, para que possam participar do seminário "A liberdade de expressão e o Charlie Hebdo", com participação do sociólogo francês Dominique Wolton. A aula acabará às 9:15 nesse dia. Farei chamada normalmente.

Copio abaixo informação repassada sobre o evento. Mais informações aqui.
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A liberdade de expressão e o Charlie Hebdo’ será o tema da Aula Magna ministrada pelo sociólogo francês Dominique Wolton na Faculdade Cásper Líbero.
Recentemente o polêmico episódio tomou os noticiários do mundo: em 7 de janeiro de 2015 um atentado terrorista atingiu o jornal satírico francês Charlie Hebdo, em Paris, e resultou em doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente. Entre as vítimas, parte da equipe do jornal, além de dois oficiais da policia nacional francesa. Motivado por um protesto contra a edição “Charia Hebdo”, que ocasionou revolta no mundo islâmico o atentado levantou uma discussão que ultrapassou as fronteiras da França: Afinal, quais são os limites para a liberdade de expressão? Centenas de personalidades e anônimos manifestaram seu repúdio ao ataque orquestrado contra o jornal e a frase “Je suis Charlie” espalhou-se pelo mundo na velocidade das redes sociais como um sinal comum para manifestar a solidariedade contra os ataques e em favor da liberdade de expressão.
Formado em direito e pelo Instituto de Ciências Políticas de Paris, doutor em sociologia, Dominique Wolton é atualmente Diretor de Pesquisa do C.N.R.S. Dirige o laboratório “Informação, comunicação e objetivos científicos” desde 2000.
Criou e dirige a Revista internacional “Hermès” desde 1998. Também dirige também a coleção “Comunicação”, por ele criada em 1998. É membro do Conselho de Administração do Grupo France Télévision e de France II, membro da Comissão francesa da UNESCO e Presidente do Conselho de Ética publicitária.
Sua área de pesquisa concentra-se, em inúmeros estudos, na análise das relações entre cultura, comunicação, sociedade e política. Depois de ter escrito muito sobre a mídia, a comunicação política, a Europa e a Internet, atualmente ele estuda as consequências políticas e culturais da globalização da informação e da comunicação. Para Dominique Wolton, a informação e a comunicação são um dos desafios políticos mais importantes do século XXI e a convivência cultural deve ser imperativamente construída, como condição para a terceira globalização.
O evento contará com tradução simultânea.

Slides da aula de 10-11 de março

Seguem aqui os slides da aula de 10-11 de março, que traz uma rabeira da aula anterior, além  de uma definição institucional do capitalismo e defesas e críticas desse modo de organizar a economia.


Por favor, avisem-me por email: japeschanski_at_casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

Até a semana que vem!

segunda-feira, 9 de março de 2015

Aplicativo de dilema do prisioneiro

Este site aqui traz um aplicativo de dilema do prisioneiro (em java), em que você decide, em jogos com pessoas de variadas personalidades (alguns cooperativos, outros individualistas), se você joga de maneira cooperativa ou individualista.

Aplicativo de Dilema do Prisioneiro, versão com repetições e variação de personalidades.
Fonte: www.gametheory.net


Com cada jogador você interage vinte e cinco vezes. As repetições do jogo -- as 25 rodadas -- têm impacto no modo como você atua. Por exemplo, você pode adotar uma estratégia específica durante vinte e quatro rodadas e, daí, na última, como o jogo vai acabar, mudar a estratégia. Divirtam-se!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Leituras obrigatórias para 10-11 de março

As leituras obrigatórias para 10-11 de março são:

-- a seção "Burgueses e proletários", de Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels; e
-- o capítulo "Capitalismo, uma definição", de Capitalismo, uma introdução (título provisório), de João Alexandre Peschanski. Disponível para download aqui

A edição sugerida do Manifesto Comunista é a da Boitempo Editorial, organizada por Osvaldo Coggiola e traduzida por Álvaro Pina, originalmente publicada em 1998, com várias reimpressões. O livro pode ser adquirido aqui. O Manifesto Comunista é um livro clássico, de fundamental importância na tradição intelectual ocidental, e recomendo a compra da edição da Boitempo Editorial por ser uma versão cuidadosa e trazer textos de apoio úteis. Nessa edição, a seção "Burgueses e proletários" vai da página 40 à 51.

Para aqueles que preferirem não comprar o livro, há várias versões on-line em português, cuja qualidade não é garantida. Abaixo, três dessas versões.

http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf
http://www.pstu.org.br/sites/default/files/biblioteca/marx_engels_manifesto.pdf
http://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/


Capa do Manifesto Comunista, de 1848. Fonte: Wikimedia Commons.


Abaixo, uma leitura complementar, para quem quiser se aprofundar sobre o Manifesto Comunista.

José Paulo Netto, "Elementos para uma leitura crítica do Manifesto Comunista", em Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, São Paulo, Cortez Editora, 1998. Disponível aqui

José Paulo Netto é um dos principais estudiosos da tradição marxista no Brasil e apresenta na primeira parte desse ensaio o contexto histórico e político da redação do Manifesto Comunista. Marx e Engels escreveram esse documento como programa político da Liga dos Comunistas, originalmente publicado em 1848, quando eclode a Primavera dos Povos, um importante conjunto de manifestações operárias e urbanas que assolou a Europa por vários meses. O restante do ensaio apresenta principalmente as contribuições filosóficas e o arsenal teórico do Manifesto Comunista e, até pela temática abordada, é uma leitura difícil. O fim do ensaio discute o Manifesto sob um olhar contemporâneo, que, entre outros apontamentos, avalia o legado do texto clássico na situação atual do mundo do trabalho e da globalização. 

terça-feira, 3 de março de 2015

Slides da aula 3-4 de março

Olá pessoal! 

No link abaixo está a aula de hoje (3-4 de março de 2015), para quem quiser fazer o download. Está salvo num arquivo eletrônico seguro -- se aparecer uma mensagem de erro, por favor, apertem continuar. Podem confiar!

https://files.numec.prp.usp.br/data/public/571f41.php

Por favor, avisem-me por email: japeschanski@casperlibero.edu.br , se estiverem com problema para ver esse ou outro documento colocado no blog.

A aula de hoje é uma primeira reflexão sobre instituições. A ideia que elaboramos inicialmente, como o Dilema do Prisioneiro, estará como princípio teórico em tudo o que veremos este bimestre. 

Até mais,

João Alexandre

Plano de aula

Está aqui o link para o plano de aula. É um documento que orienta aquilo que vamos desenvolver este semestre, mas, sempre que considerarmos importante, poderá haver modificações, adaptando o conteúdo no sentido de atender melhor as expectativas em torno da disciplina.
Estou sempre aberto para discutir os rumos da disciplina. Nada está escrito sobre pedra.
Até mais,
João Alexandre